E se eu não sentir mais o que senti com você?
Me questiono que parte desse sentimento era de acordo com a realidade e que parte foi criado projetando o que seria possível. Um dia, em algum momento…
Minha psicóloga me contou sobre “química esquemática”. Disse que temos a tendência de sentir uma grande química com pessoas e situações que nos despertam sensações similares às que vivemos no passado. Pode ser busca por aprovação, pessoas indisponíveis emocionalmente, tudo tem a ver com o jeito torto que supostamente aprendemos o que é amor. Que na verdade não é. Mas a gente acha que é.
Vou ser um grande clichê agora e citar Sexy and the City. Desculpa, mas vamos lá!
Existe algo que a gente não entende, mas que liga a Carrie ao Big. E não é porque ele é incrível, porque ele não é. Não é porque ele desperta o melhor nela, porque ele definitivamente não desperta. Porque então? Talvez seja essa tal de química esquemática. Uma coisa inexplicável que faz com que ela não queira se separar dele, apesar de tudo. E que faz com que ela aceite coisas que ela provavelmente não aceitaria em um cenário saudável. Algo nela se atrai como um imã ao cara indisponível, com bloqueio emocional, que não quer se comprometer.
Já o Aidan uma hora fica enjoativo para o paladar da Carrie. Saudável, é tudo muito tranquilo. Para ele não há dificuldade em assumir uma relação, um casamento, ele segue muito fácil o fluxo natural das coisas e na verdade isso até assusta ela. Por mais que ela diga que é exatamente isso que ela quer. E ela diz muitas vezes, mas a cena que mais me impacta é quando ela faz 30 anos e depois de um dia caótico, desabafa para as amigas que naquele momento está triste por não ter um companheiro. No entanto, quando ele aparece… Aidan se encaixa na vida dela, é um cara incrível com ela, desperta o melhor dela, é bom, engraçado, inteligente, bonito, mas não traz a sensação que o Big traz.
Talvez essa sensação não faça tão bem quanto parece. Talvez seja como uma droga que te preenche mas logo depois te dá uma baixa. Não tem constância, só altos e baixos. Logo, você nunca vai ser totalmente contemplada e ter o que quer e merece.
Então, no final das contas, talvez seja bom não sentir mais isso. Né?
Não à toa, na nova série “And Just Like That”, a Carrie mais velha e bem mais madura, reencontra o Aidan e passa a vê-lo com um olhar diferente de antes, se questionando das escolhas que fez. E como muitos dizem, nem morto o Big parou de perturbar ela e fazer ela se sentir insegura.